27 de julho de 2007

Há dias que já acabaram para mim...

Há dias que já acabaram para mim, e hoje matei alguém.
Não quero ser o teu assassino, mas matei alguém dentro de mim.
Chorei pelo luto que nunca fizeste,
Deixei flores na minha campa e deitei-me contigo,
Acordei sozinha e sem luz, faz frio aqui no teu inferno,
Vesti o casaco da tua mágoa, sai para a minha solidão.
Fiquei com a pele queimada, pelo fogo das tuas loucuras impenetráveis.
Os teus doces beijos desencontrados foram a morte da minha boca.
Abandonei-me em ti e comigo não quiseste ficar.

Há dias que já acabaram para mim, tu nunca estiveste em nenhum deles.
As carícias hostis que disseste fugiram, entre os lençóis da tua insegurança.
Falaste sobre a prisão da memória, que guardaste no cofre do teu coração.
Guiaste-me no teu labirinto, crias-te sinais e desvios enganadores,
Fizeste um cenário e eu escrevi a peça do teu teatro sombrio.
Pintei o sensual corpo numa tela e tu cuspiste a côr para dentro da tua alma negra,
O branco que ficou, não tem brilho, pois abandonas-te os pincéis da vida.
Caí vezes sem conta, nessa tua pergunta desleixada de quem pede ajuda,
A minha mão estendeu-se durante várias noites, ali ficou ao luar do teu abandono,
O único que senti foi a confusão vazia que abraçaste.

Há dias que já acabaram para mim, nunca quis que assim fosse,
As horas passaram por um tempo, onde nunca estiveste.
Abriste a minha esperança e deixaste nela um rastro de incompreensão.
Fechaste a porta duma situação, à qual não pertenço,
A chave da ternura que ofereci, não cabia na dureza dos teus ataques.
Deste-me amargura e com ela fiz a espuma do teu banho,
Peguei na esponja da minha dor e com ela limpei os espinhos dos teus braços,
Rapas-te os resquícios da tua humanidade, olhas-te para mim sem palavras.
O medo sentis-te quando me aproximei da tua alma desfigurada,
Amei-te de manhã, na tua ressaca por conflitos sem resposta,
Mas disseste que não me querias perto da tua almofada.

Há dias que já acabaram para mim, não estás ao pé de mim.
Da tua aventura ficou um sabor ressequido, sem desejo nem contentamento.
Caminhaste noutra direcção e apontaste-me o dedo da tua injustiça,
Deixando-me no perigo do teu silêncio, nadei nas tuas águas sem fundo.
Aquilo que achas-te fácil de explicar, eu não falei.
Nunca mais vou poder sentir aquilo que nunca senti, o vício…
Hoje olho para ti e não vejo nada para além de uma marioneta.
Noutra situação carregaria a cruz que o teu diabo foge,
Neste momento benzi-me com a luz da noite e saí…

Há dias que já acabaram para mim…
Olhei a última vez para ti e…
Há noites que começaram para mim.

25 de julho de 2007

Prólogo

Dentro da escura rede, ouvia-se ao fundo uma voz...murmurava algo...
No meio de folhas secas de árvores gigantes e paredes frias das altas torres, surgiram umas mãozinhas que afastaram os velhos arbustos...de olhos bem esbugalhados deixou escapar...
"Is Anybody Out There..?"