22 de dezembro de 2007

21 de dezembro de 2007

Página em Branco!

Página em branco que não me abandona!
São partes de mim que não se mexem,
Umas passam, outras vão andando,
Quero mais!
Mas o branco continua por escrever.
Quero todo o Amor que conseguir obter,
Página em branco que não me larga!
Beijo ao de leve as ideias,
Adivinho as palavras e disparo letras de uma arma,
Umas passam outras vão andando,
Preciso de mais!
Pagina em branco que não me falas!
Esperei que as mãos tremessem e desenhassem,
Escutei os sonhos que tive,
Uns passam, outros vão andando,
Mas o silêncio do branco foi imperativo,
Página em branco que não desaparece!
Volta para casa, não saias de mim.
Os significados em livros procurei,
As memorias da verdade acabei de ler,
Uma passam, outras vão andando,
Sinto muito mais!
Página em branco que não me vê!
Procurei por outros passageiros,
Mas das viagens apenas restaram os transportes,
Uns passam, outros vão andando,
Vivo dentro de um branco extenso,
Sou muito mais!

Será que alcançarás tu no branco, o que eu já senti?

Oh página em branco que não me ama!
Desfolhei as folhas dos sentimentos,
Uns passam, outros vão andando…

Filhos do Nada.


Será que existe Amor na Dor?!
Na Dor que reina a solidão…
Numa solidão que nunca nos deixa, e não nos abandona,
Conquistamos a Essência quando existimos, sentimos e lutamos,
Mas será que Existimos durante toda a Essência?!

Perdi-me nas minhas confissões, mas encontrei-te…
Perdi-te nos fios que tecem as ligações,
São orquestrados por uma Voz, um Som incolor,
Que nunca se faz ouvir…
O teu cheiro ficou, mas os teus fios não.
Será que te posso ouvir?

Ainda sinto a água seca que escorre nas tuas veias,
Filho do Nada protegido pelo manto de ostentação,
Glorifico as tuas penas, pois os pássaros resistem na luta,
Beijam espinhos da Pedra que os fazem esquecer,
A única arma são as suas robustas penas,
Criando defesas na densa vulnerabilidade.
Será que conseguimos aguentar?

Filhos do Nada, cujos momentos são absorvidos,
Num nevoeiro das ruas do quotidiano,
Onde pequenas gotículas metálicas pairam,
Dançando em suas negras lágrimas, com um brilho frio,
O sopro atravessa os seus corpos, deixando saudade do quente aconchego,
Um ultimo resquício de Amor dorido.
Será que ainda nos sentimos?

As sombras diluem-se no anonimato da escuridão,
Os Filhos do Nada gritam pelo silêncio humano,
Iluminam com velas os quartos das suas angústias,
Ajoelham-se e pedem às paredes que os sentimentos desçam,
As escadas da incompreensão cantam as suas orações,
Os sacerdotes movimentam as suas intenções,
Em seus imaginários distraídos penetram sonhos e desejos errantes,
Queimam incensos e fantasias reais, os ossos da carne fugaz libertam-se,
O fumo do templo dispersa-se na fronteira.
Essa enche o mistério, adormece entre o Vazio e o Não Vazio,
Território dos Filhos do Nada, Travessia dos Sem-Fim.
Será que conseguimos viver aqui?

Percorrem submundos inexistentes, ouvindo e cantarolando,
A música muda achada em tesouros de sensações,
Aí permanecem, caminham em questões labirínticas,
As mensagens flutuam no caminho da Consciência,
Todos queremos o mesmo…balões vermelhos perdidos na Felicidade!
Será que te posso Amar?!

A Dor do Amor é tudo o que existe quando se ama a Dor…

7 de outubro de 2007

Agora...

Photo by Alice atras do Espelho


Estou parada....ao fundo algo de importante se vislumbra....

31 de agosto de 2007

Vermelho ou Azul?



Red pill or Blue pill?

Pode ser cocktail?!
Embrulhe que é para levar se faz favor.
Já agora não tem roxos, nao?
É pena, escusava de tomar dois comprimidinhos, podia ser tudo de uma vez só. Talvez assim, passasse mais depressa para o outro lado...

30 de agosto de 2007

Post de chegada!

Pequenas férias = Carne de canibal enfiada num canhão anão e depois espera-se pelo resultado!

6 de agosto de 2007

Na realidade, apenas uma noite...

Desci a calçada íngreme e oleada pela breve chuva, passou deixando cair sua capa luminosa, por cima daquele bairro escuro. Entre os frouxos candeeiros, escorria uma claridade sebosa nas paredes dos prédios. Situava-me no coração da parte mais antiga da cidade, no entanto, não ouvia nem via viva alma.
― Noventa, noventa e dois, noventa e quatro… noventa e seis!
Guardei o papelinho dobrado em quatro, num dos bolsos das calças.
― São dez e meia em ponto…mesmo a horas.
Toquei na perra campainha do numero 96, ouvi um arrastar pesado e quase doloroso do lado de dentro. Uma luz azul passava pelas toscas frinchas, e como um cão que fareja por debaixo, alguém chegou há maciça porta de madeira. De repente, ouvi um barulho oco da portinhola que se abrira, mesmo de fronte dos meus olhos. No interior da pequena escuridão, surgiram outros dois olhos, um reflexo dos meus, mas sem vida e encovados.
― Err…é aqui que fica o Bar?
― Simmm – saía uma voz cavernosa e um bafo a álcool de pouca qualidade.
A portinhola fechou-se bruscamente, a porta rangeu com a humidade e progressivamente, vislumbrei a figura por detrás do portal. Um homem gigante, suado e mal vestido, que colocou na minha mão um cartão rosa choque, com a delicadeza de um bulldozer.
― Boa noite. – disse tentando sorrir.
― Boaaa noiteeee. – o som agrilhoado por um bloco de toneladas, deslizou para fora dos poucos dentes.
Aquele homem, desgastado e levemente deformado abriu as cortinas, sangue veludo detrás de si, com apenas um gesto.
― É sempreee em frenteee.
Passei pelo pano macio, sentindo o fedor a mofo e tabaco enjaulados naquela sala subterrânea, cujo ambiente colorido, manifestava-se numa aparência circense.
Procurei por ele. Já devia ter chegado, pois sempre fora um amante pontual. Olhei em volta para as mesas de pau, o balcão impenetrável, as gentes palradoras misturadas entre velas e pequenos candeeiros, espalhados como estrelas numa noite escura. Ainda não chegou; estranho pensei.
Sentei-me ao balcão, num dos altos bancos vazios e pedi à rapariga que me trouxesse uma bebida. Possante e desembaraçada, entregou-me o copo com um sorriso simpático, abrindo o brilho dos seus cristalinos olhos verdes. Animada, dirigiu-se para o fundo, onde se encontravam mais quatro jovens raparigas da sua idade, alcoolicamente desinibidas. Depreendi que eram suas amigas, pela intimidade com que bebiam shots flamejantes.
Olhei para o relógio, dez e quarenta e dois e ele ainda não apareceu. Procurei na mala pelo telemóvel. Escrevi “Já cá estou. Onde andas?" Acendi um cigarro, dei um gole no elixir de catorze anos, aquecendo a minha garganta seca. Pousei o copo, abriu-se uma ténue luz ao fundo da sala, mostrando um palco encardido, onde uma banda qualquer subiu, apresentando-se de modo nervosamente disfarçada. Voltei as costas ao impenetrável balcão, para poder ver melhor a vocalista de cabelos ruivos. A música começou a dançar na sala e o meu telemóvel acendeu.

And after you take me

É ele, “Tou a caminho”, sorri pela antecipação do prazer que iria sofrer. Fiz sinal para que a bela rapariga me enchesse o copo. Um homem louro, de olhos roxos abordou-me.
― Estás a gostar?
― Ainda agora começou…mas não tocam mal…
― Ela é gira não é?
― É interessante…mas…não sou apreciadora. – mostrando algum desconforto perante aquele desconhecido.
― Estás sozinha?
― Não, estou há espera de alguém.

You will comfort me

― Desculpa não me apresentei, sou construtor corporal e chamo-me Laefar.
― Construtor corporal?! – levantei o sobrolho.
― Pagam-me para construir corpos, tanto vivos como mortos…nas mais variadas formas e tamanhos.
― Humm. – anui desinteressadamente.
― Se algum dia precisares de tratar esse teu corpinho, tens aqui meu cartão. Posso sempre fazer um desconto. Troco a tua carne pela minha carne, ok?! – piscou o olho e desapareceu na leve escuridão.
Coloquei o cartão debaixo do copo vazio, abanei a cabeça e chamei a rapariga.
― Era outro se faz favor.
― Está tudo bem? – perguntou com um doce desembaraço.
― Sim. Uma mulher sozinha ao balcão de um bar, pode sujeitar-se a que lhe aparecem aves raras.
― Ele é assim mas é inofensivo, já faz parte da mobília, entendes!

You will do my bidding
You will serve me


Voltei-me de novo para o palco; os tons ocres e grenás das luzes penduradas e ondulantes em volta da vocalista ruiva conferiam, um sabor menos ansioso à espera. Os instrumentos de percussão aumentavam, deambulavam numa intensidade cambaleante tal como, o álcool que o meu sangue destilava. Circulando pelas circunvalações do meu cérebro, começava agora a dar um ar de sua graça.
Num espaço de dois bancos vazios, um rapaz de preto e todo furado por peças de metal reluzentes, sentou-se descontraidamente. Acendi mais um cigarro. Ao fundo do balcão as raparigas beijaram-se em conjunto, lamberam os dedos das bebidas que pingavam lascivamente e riram-se despojadamente.
― Costumas vir aqui muitas vezes? – perguntou o rapaz enquanto ajeitava as correntes que trazia agarradas ás calças.
― Essa é velha... – a ligeira embriaguez desenlaçava os traços do meu acanhamento.
― Estás sozinha?
― Não, estou há espera de alguém.
― Ah ah ah, essa também é velha. – com um esgar sacana coçou a barba mal aparada.
― Estou aqui sentada sozinha mas, porque ele ainda não chegou.
― Ele então deve ser estúpido! Deixar alguém há espera, com esse corpinho carnudo… essas ancas devem se mexer bem. Ah…e essa cara não engana ninguém, tens mesmo ar de quem gosta de levar com ele.

Now get undressed
Feel my emptiness

Fiquei atónita. O alfabeto da minha linguagem corporal só conseguiu levantar as sobrancelhas, desenhando um mutismo perplexo perante tamanha ousadia estúpida.
― Ficas-te assim, porque ainda não me viste nu…estou todo rapadinho…
― Desculpa, mas ainda não percebeste?!
― Em minha casa? Ou preferes a tua? – continuava o rapaz sensualmente ridículo.
Desatei a rir e pedi mais uma bebida, pois a sobriedade caíra no meu corpo como um raio no meio do deserto.
― Desaparece!
― Olha que eu aguento durante várias horas… – insistia meio agitado.
― Desaparece-me da frente já disse! – levantei-me do banco, demonstrando que o único contacto físico que teríamos seria violento.

My loneliness

O tilintar das correntes suspensas daquela personagem surrealista, desvaneceu-se entre velas e candeeiros, de rabo enfiado no tronco das pernas.
Bebi metade do líquido dourado, de um só trago. Olhei para o telemóvel, já são onze e vinte e sete, foda-se! Estou aqui, há quase uma hora neste fim de mundo, rodeada de gente esquisita, sozinha e farta de esperar. Projectara no início da noite um filme com corpos enroscados, onde as lágrimas de suor deslizavam entre pêlos virilmente púbicos, as carícias mudas respiravam ofegantes no meio de lençóis abraçados; não com um filme cuja banda sonora tocava um órgão de igreja fatalista, anunciando o fim dos mundos.
Arrumei as coisas dentro da mala e perguntei quanto é que devia.
As raparigas depois na enésima bebida flamejante, perderam a vergonha, comiam-se escancaradamente, simulando livros abertos em loja de doces.

Serve me right now

― São vinte e oito Eras.
Abri novamente a mala e paguei prontamente, antes que se iniciassem mais alguma abordagem despropositada ou inóspita, por parte da fauna estranhamente masculina. Dirigi-me para a saída, mal contornei a esquina do balcão, vi-o.
― Desculpa o atraso, mas fui a Vila Escondida.
― Fazer?
― Queres beber alguma coisa?
― Por hoje já bebi que chegue.
― Procurar a minha côr.
― E então?
― Não encontrei.
― Não havia ou estava esgotada?
― A côr que eu quero não existe.
― Isso significa que vais continuar sem côr.
― Sim, muito provavelmente…
― Vamos para casa.
― Antes que eu fique transparente…

You will never leave me
For I am in control
I own your body
Your mind and your soul

27 de julho de 2007

Há dias que já acabaram para mim...

Há dias que já acabaram para mim, e hoje matei alguém.
Não quero ser o teu assassino, mas matei alguém dentro de mim.
Chorei pelo luto que nunca fizeste,
Deixei flores na minha campa e deitei-me contigo,
Acordei sozinha e sem luz, faz frio aqui no teu inferno,
Vesti o casaco da tua mágoa, sai para a minha solidão.
Fiquei com a pele queimada, pelo fogo das tuas loucuras impenetráveis.
Os teus doces beijos desencontrados foram a morte da minha boca.
Abandonei-me em ti e comigo não quiseste ficar.

Há dias que já acabaram para mim, tu nunca estiveste em nenhum deles.
As carícias hostis que disseste fugiram, entre os lençóis da tua insegurança.
Falaste sobre a prisão da memória, que guardaste no cofre do teu coração.
Guiaste-me no teu labirinto, crias-te sinais e desvios enganadores,
Fizeste um cenário e eu escrevi a peça do teu teatro sombrio.
Pintei o sensual corpo numa tela e tu cuspiste a côr para dentro da tua alma negra,
O branco que ficou, não tem brilho, pois abandonas-te os pincéis da vida.
Caí vezes sem conta, nessa tua pergunta desleixada de quem pede ajuda,
A minha mão estendeu-se durante várias noites, ali ficou ao luar do teu abandono,
O único que senti foi a confusão vazia que abraçaste.

Há dias que já acabaram para mim, nunca quis que assim fosse,
As horas passaram por um tempo, onde nunca estiveste.
Abriste a minha esperança e deixaste nela um rastro de incompreensão.
Fechaste a porta duma situação, à qual não pertenço,
A chave da ternura que ofereci, não cabia na dureza dos teus ataques.
Deste-me amargura e com ela fiz a espuma do teu banho,
Peguei na esponja da minha dor e com ela limpei os espinhos dos teus braços,
Rapas-te os resquícios da tua humanidade, olhas-te para mim sem palavras.
O medo sentis-te quando me aproximei da tua alma desfigurada,
Amei-te de manhã, na tua ressaca por conflitos sem resposta,
Mas disseste que não me querias perto da tua almofada.

Há dias que já acabaram para mim, não estás ao pé de mim.
Da tua aventura ficou um sabor ressequido, sem desejo nem contentamento.
Caminhaste noutra direcção e apontaste-me o dedo da tua injustiça,
Deixando-me no perigo do teu silêncio, nadei nas tuas águas sem fundo.
Aquilo que achas-te fácil de explicar, eu não falei.
Nunca mais vou poder sentir aquilo que nunca senti, o vício…
Hoje olho para ti e não vejo nada para além de uma marioneta.
Noutra situação carregaria a cruz que o teu diabo foge,
Neste momento benzi-me com a luz da noite e saí…

Há dias que já acabaram para mim…
Olhei a última vez para ti e…
Há noites que começaram para mim.

25 de julho de 2007

Prólogo

Dentro da escura rede, ouvia-se ao fundo uma voz...murmurava algo...
No meio de folhas secas de árvores gigantes e paredes frias das altas torres, surgiram umas mãozinhas que afastaram os velhos arbustos...de olhos bem esbugalhados deixou escapar...
"Is Anybody Out There..?"